ARACAJU/SE, 26 de abril de 2024 , 4:40:46

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Esperar para crescer

Eis que chegamos à metade do Santo Tempo do Advento! A cada dia que passa, escutamos, percebemos os sinais Daquele que vem. Preparamo-nos para o Seu retorno; preparamo-nos para celebrar, misticamente, o Seu Natal. É Cristo que vem! E, à Sua chegada, deverá nos preceder a ansiedade de vê-Lo, de senti-Lo, de estar com Ele. Esta ansiedade não nos deverá entristecer, causar pavor… Não. Deverá ser acompanhada da alegria: sentimento interior de nossa parte, mas que tem o seu autor o próprio Senhor, que Se dirige até nós.

Do Profeta Isaías, temos: “Alegre-se a terra que era deserta e intransitável, exulte a solidão e floresça como um lírio. Germine e exulte de alegria e louvores” (Is 35,1-2a). Qual o significado desta terra desértica? Era o coração humano, sem vida e perspectivas. Era o coração humano, solitário e infértil. Era o coração da humanidade, que gemia e gritava esperando por salvação. E este nosso coração é figurado pelo “mais que Profeta” (Mt 11,9) – no dizer de Jesus –, São João Batista. É por isso que o Senhor indaga os Seus interlocutores após a despedida dos discípulos do Batista que lhe foram levar a Sua resposta: “O que fostes ver no deserto? Um caniço agitado pelo vento? O que fostes ver? Um homem vestido com roupas finas? Mas os que vestem roupas finas estão nos palácios dos reis. Então, o que fostes ver?” (Mt 11,7-9). Fomos ver aquele que representa o nosso coração; fomos contemplar aquele cujos grito e testemunho (cf. Mc 1,3; Is 40,3) sugerem o nosso anseio mais profundo de nova vida. Fomos ver João; fomos ver-nos nele.

João não é apenas sinal da carência humana: também alude a nossa esperança. Preparando os caminhos do Senhor, marchando à Sua frente, ele inspira-nos a firmeza de quem espera, naquela mesma dinâmica trazida por São Tiago: “Vede o agricultor: ele espera o precioso fruto da terra e fica firme até cair a chuva do outono ou da primavera. Também vós, ficai firmes e fortalecei os vossos corações, porque a vinda do Senhor está próxima. […] tomai por modelo de sofrimento e firmeza os profetas, que falaram em nome do Senhor” (Tg 5,7-8.10).

O Senhor convida João à contemplação de Seus sinais de salvação, a manifestação, no tempo, da “glória do Senhor, a majestade do nosso Deus” (Is 35,2). É por isso que Ele envia os enviados por João Batista, duvidoso, para que lhe digam: “Ide contar a João o que estais ouvindo e vendo: os cegos recuperam a vista, os paralíticos andam, os leprosos são curados, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam e os pobres são evangelizados. Feliz aquele que não se escandaliza por causa de mim!” (Mt 11,4-6). Estes sinais – ou afins – deverão ser contemplados por nós, porque, interiormente, os curados, os sanados, somos cada um de nós. Os milagres de Cristo acontecem conosco, em nosso coração, em nossa vida. Não sejamos injustos com Deus, que manifesta a Sua chegada em nós, porque é Emanuel, Deus-conosco!

Esta afirmativa do Senhor a próprio respeito de Sua presença fortificou a fé de João. Creio que, no cárcere, ao saber que não estava iludido, enganado, João sofreu e morreu com alegria, sabendo que a razão de sua esperança não havia sido confundida (cf . Rm 5,5), porque a razão de sua esperança era o Cristo a Quem apontou “Cordeiro de Deus” (cf. Jo 1,29-36), vendo sobre Ele a confirmação do Espírito Santo que O unge de sempre e para sempre: “Este é o meu Filho amado no qual ponho o meu bem-querer” (Lc 3,22; Mc 1,11; Mt 3,17). Isto fez de João, o Batista, grande nos lábios de Jesus. Entretanto, esta grandeza não se encerra em João; muito pelo contrário: abre-se a nós, se reconhecermos em Jesus, Naquele que vem, o motivo da nossa esperança e da nossa alegria. É por isso que o Senhor nos alenta: “No entanto, o menor no Reino dos Céus é maior do que ele” (Mt 11,11).

Sejamos ativos na espera do Senhor! Sejamos alegres no Senhor (cf. Fl 4,4)! Reconheçamos os Seus sinais! E seremos grandes, tanto quanto São João Batista.