ARACAJU/SE, 26 de abril de 2024 , 18:21:48

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Maria: Templo do Senhor, Refúgio da humanidade

Na próxima terca-feira, celebraremos a Solenidade da Imaculada Conceição da Virgem Maria. Pensando nisso, cotejemos o grande paradigma: Eva e Maria; Eva e a Ave, portanto.

No Gênesis, temos a desobediência de Eva, a chamada por Adão “Mãe de todos os viventes” (Gn 3,20); no Evangelho de Lucas, temos o “fiat“, o “sim” obediente de Maria (cf. Lc 1,38), o que fez dela Mãe de Deus. Percebemos, diante mão, a grande diferença entre ambas, seja na atitude, e, a partir desta, a consequente recompensa para cada uma delas: Eva, com dores de parto (cf. Gn 3,16), trará consigo para os seus descendentes apenas a vida biológica (em grego: βίος), incluindo a sua limitação própria. Maria, indolor, na pureza do seu ventre imaculado, traz-nos a vida da graça infinda (em grego : ζωή), com a sua transcendência peculiar.

O que podemos mais dizer? Por sua negativa a Deus, Eva promove a expulsão do gênero humano do Éden, o jardim conhecido por “Paraíso”. Com esta expulsão, a “Mãe dos viventes” proporciona aos seus miseráveis filhos uma existência cheia de tentações (cf. Gn 3,15) e sofrimentos, onde acompanhar-nos-ão dores, escravidão e fadigas (cf. Gn 3,16-19). Eva, a desgraçada, deu-nos uma triste herança: o pecado original, e, com este, a morte. Por seu assentimento à proposta divina, em contraposição a Eva, a Ave é promotora de vida. A partir da vida do Novo Adão, Jesus Cristo, formado homem no seu seio virginal, não apenas conhecemos o Céu, como, pela salvação, somos vocacionados ao ingresso ao Paraíso, não aquele Éden, outrora fechado, mas àquele que é a morada de Deus. Maria, a Mãe da Divina Graça, Jesus Cristo, proporciona aos seus miseráveis filhos (miseráveis por causa de Eva) uma existência prenhe de delícias, onde, pela fé, já antegozamos dos caracteres da eternidade, vislumbrando, por antecipação, a vida do Céu, o imensurável Templo de Deus. Mistério profundo, meu caro leitor! Mistério rico! Maria traz-nos o Céu em Cristo, seu benditíssimo Filho e nosso Salvador. A agraciada é, por isso, Templo do Senhor, pois carrega-O em seus corações e ventre ilibados. E, por sê-lo, é figura do próprio Céu. Daí, chamarmo-la, em sua ladainha, de “Porta do Céu”.

Como Templo do Senhor, Maria abriga-nos em seu coração. Na devoção filial a Santíssima Virgem, a humanidade se vale de um forte refúgio nos momentos em que a fé é provada pelas dificuldades da vida, pelos cansaços, inclusive. Somos amparados pela materna intercessão daquela que, com a docilidade do seu “faça-se”, não abriu-nos, somente, o que Eva havia fechado, mas abriu-nos o Céu,  onde a mesma Imaculada reina, triunfante, como um sinal, como nos garante o Apocalipse de São João  (cf. Ap 11,19-12,1).

Atraídos pela ternura da bondosa Mãe, permitamo-nos adentrar nos mistérios do próprio Deus, celebrados em nossos templos católicos. Contemplando Maria como Templo de Deus, conscientizemo-nos de que, pelo Batismo, também o somos, porque Deus habita em nós, e, com ela, a Imaculada Virgem Santíssima, somos membros da Igreja Santa do Senhor.