ARACAJU/SE, 18 de abril de 2024 , 13:44:28

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O Coração de Jesus, garantia de vida eterna

Absolutamente, não podemos desvencilhar a devoção ao Sagrado Coração de Jesus daquela crudelíssima cena do Calvário, onde, já sem vida, o peito de Jesus é aberto, e, dele, jorram sangue e água abundantes.

 

Por mais que, quando o peito do Senhor foi aberto pela lança, Jesus não mais tivesse os sinais da vida humana, aquele coração fisiologicamente inanimado guardava os tesouros da vida divina, da eternidade para nós. E, pelo sangue e água que brotaram do interior do Senhor, uma vida imorredoura foi-nos  concedida superabundantemente.

 

Sabemos que a água e o sangue que brotam do interior do Salvador são sinais dos sacramentos, de maneira muito próxima os do Batismo e da Eucaristia. E, com o coração aberto de Jesus, temos um sinal de que o que era inimaginado à humanidade, agora torna-se realidade: o acesso à vida intradivina é inaugurado. Se no velho Adão o paraíso de Éden nos era tomado e privado, no Adão-Cristo não somos reintroduzidos ao jardim de outrora, mas à morada de Deus, porque o véu da divindade se rasgou (cf. Mt 27,51), e, por adoção, somos introduzidos na vida de Deus mesmo; na vida Daquele que é o Autor da vida, não apenas biológica, como, sobretudo, a da graça.

 

No Antigo Testamento, vemos o povo peregrino de Israel a reclamar, severamente, de sede. Foi quando Moisés, por ordem de Deus, perfurou, no deserto de Massa e Meriba, um rochedo. Mas, aquele povo continuou a sentir-se sedento, nostálgico pelo que lhe faltava. Em Cristo com o peito perfurado, temos o novo, infindável e espiritual rochedo, nós que peregrinamos no deserto do mundo. Fora da companhia desta magnânima rocha, morremos ressequidos. Dessendentados, porque bebemos do que brota em profusão do Seu Coração divino, desejamos, ainda mais, beber-lhe. Com Ele, nada nos falta, porque “O Senhor é o pastor que me conduz; não me falta coisa alguma. […] Para as águas repousantes me encaminha, e restaura as minhas forças” (Sl 22,1-3).

 

Pelo Santo Batismo, introduzidos, desde já, na cidadania dos Santos (cf. Ef 2,19), já entrevemos a realidade a nós reservada, porque o Céu já nos espera; porque os nossos nomes estão escritos no Livro da Vida (cf. Fl 4,3; Ap 3,5). Embora não estejamos em plena posse da Pátria Futura, devemos cumular o nosso coração com esta esperança que nos é garantia de Jesus na Cruz. Para tanto, aderindo a este plano cuja garantia é o próprio Deus, o nosso procedimento não deverá destoar da prática das boas obras, tal como se espera de um filho de Deus, candidato à eternidade. Mesmo sabendo que, por vezes, resvalamos e acabamos fazendo o mal que não queremos (cf. Rm 7,19), o que não é desejado por Deus. É no cotidiano da vida do cristão, alimentando-nos do Corpo e do Sangue do próprio Senhor realmente presentes nos sinais do pão e do vinho consagrados que somos sustentados para prosseguir, não obstante a insalubridade do mundo à nossa alma, a nossa marcha rumo à eternidade.

 

A cada Eucaristia temos a visita desta vida a nós reservada  a nos recordar de que o Céu, que vem a nós pelo Corpo e Sangue de Nosso Senhor, nos espera. E, com isto, provamos, no tempo e no espaço, o que teremos em Deus para todo o sempre. Se fosse para conceituar a Eucaristia em poucas palavras, diria, sem medo de equívocos: A Eucaristia é o transbordamento do Céu. Pela Eucaristia, presença real do Coração de Jesus, o véu do Divino não apenas continua rasgado como também está arregalado para o nosso ingresso.

 

Não nos esqueçamos da duodécima e última promessa do Sagrado Coração de Jesus a nós: “A todos os que comungarem, nas primeiras sextas-feiras de nove meses consecutivos, darei a graça da perseverança final e da salvação eterna”. Se às nove primeiras sextas-feiras o Senhor promete tão alto dom, o que não estará reservado para a alma faminta e sedenta de Deus, que se nutre da Eucaristia? Se Jesus, pela devoção ao Seu Coração Eucarístico, garante as delícias do Céu, será que abandonará no caminho do erro e da perdição aos que O anseiam e buscam; Ele, o Bom Pastor?

 

Não. Deus não é mentiroso, embusteiro ou coisa do tipo. Ele é fiel; o Seu Coração crepita por amor a nós. Façamos, devidamente a nossa parte, e deixemos, abandonando-nos Nele, que Ele faça o mais.