Dia desses eu estava vendo um comercial, daqueles que interrompem, intempestivamente, o vídeo no Youtube. A primeira vontade é pular logo o vídeo ao término dos cinco segundos. Todavia, ao ver a imagem do Papai Noel na publicidade, segurei a onda e o controle e fiquei ali absorto, inerte, com um turbilhão de informações passando na mente.
Uma dessas informações foi a reflexão direta sobre o sentido do Natal, o que me remete diretamente a como tudo está distorcido nos dias de hoje.
– Oxe, André, bebeu? Um comercial do bom velhinho fazendo você refletir sobre o quê?
Rapaz, desde quando o Natal diz respeito a Papai Noel? Respondo: desde 1931, quando a Coca-Cola contratou um artista para pintar o Santa Claus em seus anúncios de Natal. O pintor foi o sueco-americano Haddon Sundblom, que se inspirou no desenho, de 1862, do cartunista da Guerra Civil Thomas Nast. A partir de então, o Natal passou a ser vinculado com a figura do presenteador Noel.
Também foi, a partir daí, que Jesus, o verdadeiro sentido do Natal, passou a perder lugar para renas, pinheiros, presentes e cor vermelha. Os presépios, com a representação do nascimento do Menino-Deus, perderam seu lugar para o plástico verde e branco das árvores. O sentimento de festa pelo nascimento de Jesus e reflexão de humildade e doação sumiram em detrimento do peru e da ceia.
A distorção piora ainda mais quando, nas festas de confraternização, Jesus não é nem lembrado. Comes e bebes e desfiles de roupas e panetones recheiam uma glutonaria que passa ao longe da singeleza do filho de Deus ter nascido numa manjedoura e dado o maior exemplo de humildade que a parca e insolente humanidade já viu.
Enquanto isso, Papai Noel desfila em carros coloridos, chamando a atenção das pessoas mundo afora, em nome do consumo, das festas e do distanciamento do Verdadeiro Natal.
Ei, bora fazer diferente? Comece trocando sua árvore de Natal por um presépio. Já é um bom começo!