ARACAJU/SE, 27 de abril de 2024 , 4:47:32

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A serra, o homem e a natureza

Dir-se-ia ser uma cidade de escadarias, aqui e ali, um ponto alto e um baixo, e, como elo de ligação, a escadaria, larga e firme, com corrimão, para facilitar a descida e subida, tudo resultado de um centro urbano com origens na Idade Média, alguns pedaços de muro do tempo do cuspe, a evidenciar a época em que se escolhia os lugares altos para uma aglomeração, a fim de melhor ver o inimigo que podia se aproximar, quer por terra, quer por mar.

Esse aspecto geográfico me deixou meio desnorteado. Na explicação que ouvi, o apartamento, no hotel, ficava embaixo, dentro da terra, notícia que, de logo, já me deixou abafado. A realidade mostrou um desenho diferente, a informação tinha a metade de verdade. Explico.  A portaria do hotel ficava no térreo e os apartamentos nos andares a baixo. Em lugar de subir, a regra era descer. Só que, aproveitando o formato da área, apesar dos andares ficarem embaixo, se via perfeitamente o outro lado, de modo que não era propriamente enfiado na terra, mas circundando o morro. O restaurante, por exemplo, era no quinto andar, último, as janelas de vidro mostrando as residências ao lado. Nada de sufocar, portanto. Ufa!

No litoral, imensamente amplas, praça e avenida compridas, um calçamento também largo em frente ao Mar da Liguria, a exibir uma senhora paisagem, no azul da água, nos barcos ancorados com suas pontas no alto, o porto do lado esquerdo, com navios de cruzeiro estacionados, bancos aqui e ali, e, do lado direito, serras verdejantes, e, nelas, habitando pacificamente, sem os tric-tric dos ambientalistas de plantão, o homem, a vegetação nativa e exótica, as marcas de imóveis a mostrar a presença de uma continuação da urbe, que se estendia pelo lado direito, até onde a vista alcançava, e, assim permanecia a medida em que se avança no Mar da Liguria, dando-se para ver, seja do trem, seja do barco, as estradas e os veículos nelas passando por quilômetros.

Estivesse aquela paisagem em minha aldeia, onde a sanha de demolição, na defesa do meio ambiente, toma ares de comando, como estaria ante a proibição de usar a terra? Destes indômitos defensores do meio ambiente, La Spezia está livre, e todos vivem bem, o homem e natureza. Um viva para todos os deuses e legisladores italianos.

Membro das Academias Sergipana e Itabaianense de Letras