ARACAJU/SE, 3 de maio de 2024 , 23:26:36

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As modas e o meu espanto

A primeira vez que vi uma calça comprida de mulher com vazios no tecido, como se tivesse sido rasgada, o que me chamou a atenção, recebi a explicação devida de Vladimir. Os rasgões, geralmente no joelho, não eram frutos do uso nem da deficiência do tecido. Já vinha assim da fábrica. Era moda. Demorei a deglutir a explicação. Fui criado vendo roupas sendo remendadas sempre que surgia um rasgão. Lembro que tinha uma senhora que era especialista na arte de cerzir, de modo que não se percebia o rasgão tapado ou cerzido. Então, agora, se comprava uma calça comprida com rasgões? Não é tão fácil assim assimilar essa alteração, tudo bem, só as mulheres usam tais calças com rasgões, o que me deixa tranquilo, além do que não consta que a moda imponha tais calças para o homem. E mesmo imposta por lei, eu não usaria.  

Se me engasguei, o espanto continuou, de forma diferente. Se no caso anterior, me choquei, nesse agora eu cai foi na risada. Explico: me refiro as saias, que parecem ser um produto parecendo plástico, de preferência, cor escura, bastante curta, ou, para ser mais preciso, escancaradamente curta. Ora, usa quem quer mostrar as pernas, geralmente jovens, pernas bonitas, que, afinal, devem ser exibidas, não como se coloca um manequim na vitrina de loja, mas para exteriorizar uma qualidade que nem todas ostentam. Pois bem. Vamos adiante.  

Acompanhe o leitor curioso uma jovem com uma saia dessa. Num shopping, por exemplo. Enquanto a anônima heroína está em pé, tudo bem. Quando se senta, começa a luta permanente para repuxar o vestido para baixo, porque não há como manter as virtudes escondidas, sobretudo quando, na frente, está um homem sentado. A aflição maior é no uso na escada rolante e atrás há homem. É subindo e puxando a saia, puxando e repuxando, o cuidado para não mostrar nada. E aí pergunta que quer ser formulada: se não quer exibir, porque diabo usa a saia curta?   

Invoco d. Iaiazinha, que vendia bala de leite e de café. Fosse viva, o que diria? Quando via uma mulher com as pernas cabeludas passando em sua porta, comentava que se o caminho estava assim, imagine a feira. Alberto Carvalho, filho, contava. Ah, os dois fazem falta. E muita.  

Membro das Academias Sergipana e Itabaianense de Letras