ARACAJU/SE, 26 de abril de 2024 , 5:28:43

logoajn1

Em breve, terei amoras!

Dia desses eu decidi criar um modesto espaço para criar umas plantinhas, principalmente, as gustativas, a exemplo de alecrim, manjericão. É que decidi fazer um curso de Gastronomia aí me empolguei em produzir os ingredientes (pelo menos alguns) que usarei nas minhas experiências gastronômicas e nas minhas aventuras pelos sabores e saberes da culinária (até agora, vem dando certo).

Estante de pinho, terra preta, vasinhos de barro, sementes e plantas ornamentais, tudo começando a ficar encaminhado. Quando a gente s empolga com algo, um mover de borboletas no estômago se faz incansável.

– Que coisa linda é a motivação!

Passei a olhar tudo que é planta na rua (acho que herdei da minha mãe Salvelina essa relação boa com as plantas. Acho até que minha mãe tem o ‘dedo verde’. Se você leu a obra ‘O menino do dedo verde’ sabe o que estou dizendo. Fica a dica!). Viciei! Nessas andanças, percebi que as pessoas têm acabado com o pouco de clorofila nas casas. Já não se vê carambolas, romãs, manjelão, mangueiras, cajueiros.

Até as ruas e avenidas já se esqueceram das amendoeiras e oitizeiros, árvores lindezas da paisagem aracajuana de outrora. Não sei de que cabeça saiu a ideia de encher os canteiros e praças com fícus e nim (esta última, uma verdadeira praga ambiental. Pesquise pra você ver). Enfim…não sei quem ganha com isso!

– Sabe não?

Bem, continuando, nas minhas andanças, vi uma amoreira de vacilo numa calçada. Pensei em colher um galho bem pomposo para plantá-lo hidroponicamente (rsrsrsr) numa garrafa de dois litros (oriunda de suco de uva. Reaproveitamento, papai!). Sorrateiramente, destaquei um galho do ditoso arbusto (sonho em ter amoras em casa e fazer geleia) e saí como quem cometera um crime hediondo (vergonha é um sentimento que tem entrado em extinção, igual aos oitizeiros). Apesar da amoreira estar em um passeio público, achei que cometera um delito. De fato, não o cometi.

Consciência tranquila, fui pra casa. Coloquei o galho na garrafa com água (sempre olho pra saber se não há filhotes do maldito mosquito da dengue dentro. Todo cuidado é pouco, né?). Aguarde as raízes nascerem. Mas o que vi? Apenas as folhas murchando, secando, caindo. Entristeci porque meu plano não havia dado certo. Esqueci a galho da amoreira e me ausentei por um determinado tempo da minha varanda onde está a minha plantação.

Aí lembrei, depois de certa ausência, dos famigerados filhotes dengosos. Voltei-me rapidamente a verificar se não houve eclosão de ovos. Não havia. Mas me deparei com algo bastante deslumbrante: o galho da amoreira já quase não possuía as folhas que nele estavam quando do arranque da matriz. Contudo novas folhas brotavam anunciando um novo ciclo a se iniciar.

Que maravilha de lição! Qual? Os ciclos terminam e não entendemos que novos começam. Aquilo que se encerra é apenas o anúncio de algo que está por vir, adequado ao momento, propício ao novo crescimento. O problema reside que nos apegamos ao que findou e esquecemos de olhar pra frente, ao que está por vir.  Todo dia um novo nascimento. Mas nos rendemos, na maioria das vezes, ao que murchou e que jamais voltará.

Em breve, terei amoras!