ARACAJU/SE, 26 de abril de 2024 , 7:45:18

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Desigualdade social e a pandemia

Lamentavelmente a pandemia da COVID-19 nos revela a crueldade da desigualdade social. No Brasil, na Índia, no continente africano e na América do Sul, assistimos a gravidade com o aumento da infecção pelo coronavírus da parcela da sociedade mais vulnerável socialmente.

Milhões de pessoas em pleno século 21 ainda não têm acesso a água potável, esgoto sanitário, habitação digna, segurança alimentar, assistência básica de saúde e educação. Esses são os componentes que alicerçam a desigualdade social e econômica, e, com toda certeza, razão do aumento de casos e de morte por conta da pandemia mundial da COVID-19.

No caso do Brasil, as comunidades das favelas do Rio de Janeiro, os sertões, as periferias dos estados brasileiros, estão vivendo todas as agruras pela falta de condições básicas para uma vida digna. E são essas pessoas que estão sendo as maiores vítimas da falta de uma política de estado para enfrentamento da pandemia que assusta o mundo inteiro.

A falta de uma política que possa cumprir o art. 3º, inciso III, da Constituição Federal, quando expressa que como um dos objetivos do Estado brasileiro a “erradicação da pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais”, é sem dúvida uma causa de aumento do drama vivido por aqueles que buscam um vaga de UTI ou mesmo um simples atendimento nos hospitais superlotados. E daqueles que estão infectados, mas não têm a mínima condição de isolamento domiciliar porque toda a família ocupa um espaço físico com um ou dois cômodos.

Estamos falando daqueles que não tem renda para poder se isolar, e têm que se arriscar no transporte público lotado e no desrespeito ao uso de máscaras. Mas, por necessidade extrema, têm que se expor à possibilidade da infecção.

A falta de uma política econômica voltada para cumprir o objetivo constitucional do art. 3º, inciso III, também contribui para o agravamento da pandemia. A importância de uma renda social mínima para as famílias em situação abaixo da linha da pobreza, e outras políticas como a de segurança alimentar, poderiam contribuir como estratégias para o enfrentamento dessa grave crise sanitária.

Essa situação não é exclusividade dos países em desenvolvimento e nos países mais pobres. Embora em quantidade menor, o agravamento da crise econômica em escala mundial por conta da pandemia, impactou as grandes economias como a da Alemanha, da França, do Reino Unido, dos Estados Unidos, por exemplo. A diferença está exatamente na sensibilidade de cada governo diante do problema.

Não há economia sem redução das desigualdades sociais e econômicas. Não há economia sem pessoas sadias e capazes de produzir. A pandemia já mostrou que não somente afasta milhões de pessoas da atividade laboral, como mata milhões de outras, e milhares sofrerão com as sequelas.