ARACAJU/SE, 26 de abril de 2024 , 5:38:32

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O fim da picada (ou a falta de vacinas)

 

O título é jocoso para aliviar essa sensação de estupor e medo que vive a sociedade brasileira na angústia para ser vacinada contra a COVID-19.

Cresce nas consultas psiquiátricas o número de pessoas jovens, adultas e idosas, que estão apresentando sinais de transtornos mentais por conta desse período de um ano de pandemia com a morte rondando as famílias e os amigos, os hospitais lotados e o bate cabeça do ministério da saúde que não tem planejamento, não tem autonomia para gerenciar a crise e decide de acordo com o humor do chefe do executivo.

Assim é que dormimos no ponto e perdemos a capacidade contratar com antecipação as vacinas e as quantidades necessárias a imunização da população brasileira. Primeiro, negou-se a eficiência e a eficácia das vacinas, especialmente da coronovac que, para pagar a língua, tem sido a mais presente no programa nacional(?) de imunização, e que terá produção inteiramente nacional a partir de dezembro deste ano.

No entanto, a primeira vacina a ser aprovada em definitivo pela ANVISA é a da BioNTech, Fosun Pharma, Pfizer, e essa vacina que o governo federal tem criado obstáculos na aquisição por conta da exigência de não se responsabilizar por efeitos colaterais graves da farmacêutica.

Uma coisa é certa, se a ANVISA que a agência que estuda e autoriza vacinas e remédios para serem comercializados no país, pressupõe que foram avaliadas as questões de segurança. No entanto, se acontece algo que não estava previsto nos ensaios clínicos da farmacêutica, ainda que tenha no contrato de fornecimento uma cláusula de irresponsabilidade civil e penal, a responsabilidade será do fabricante por ser a cláusula nula juridicamente diante do defeito oculto e que não poderia ser avaliado pela agência reguladora.

O problema talvez não seja este, existe algo que não está posto claramente para a sociedade, e isso é muito ruim. Precisamos de informações claras. Esse jogo de sombras somente faz aumentar essa angústia geral antes que se torne uma paranoia geral.

Aliada a tudo isso e a tudo que já se sabe dos comportamentos de algumas autoridades e seus seguidores, nos últimos dias se confirmaram as expectativas do aumento de casos, de hospitalizações e de mortes, num patamar que nunca se imaginou.

Os discursos contra o afastamento social, o uso de máscaras e os cuidados com a desinfecção a todo momento das mãos com água e sabão ou álcool em gel, contribuíram para esse caos que se juntou ao comportamento mau caráter dos “furadores da fila da vacina”, do despreparo de alguns profissionais de enfermagem que criaram a “vacina de vento” ou “vacina fake”, um verdadeiro crime contra pessoas vulneráveis e indefesas.

Sem vacinas e com esses comportamentos deletérios de tantos personagens que deveriam contribuir para a conscientização da crise sanitária sem precedentes, estamos vivendo o “fim da picada” e, com certeza, ficamos mais longe do retorno ao antigo normal.