Para potencializar o crescimento econômico de Sergipe, um setor que pode contribuir para a alavancagem mais rápida é o mineral. Neste sentido as ações coordenadas das entidades relacionadas ao setor mineral poderão contribuir para maior geração de riquezas para o estado.
Já realizei abordagens anteriores sobre o segmento e retorno ao tema em face da situação que temos hoje da transição energética no Brasil. Temos uma grande janela de oportunidades para o crescimento do setor, especialmente por conta da descarbonização da matriz energética que é uma prioridade mundial e um imperativo de sobrevivência da humanidade.
Atualmente as estratégias principais são energias limpas (eólica e solar) e veículos elétricos. Isto requer uma rápida e forte elevação da demanda por baterias. Este cenário apresenta grandes desafios mundiais para a mineração: a exemplo da necessidade de oferta futura de minerais para atender a demanda das metas de transição energética, para isso, precisamos diversificar as fontes minerais no mundo, pois a oferta de minerais exigida deverá ser realizada de maneira limpa e responsável.
É nesta janela de oportunidades que o estado de Sergipe pode se inserir em articulação com as entidades federais que estão tratando do tema no país, o que pode ser realizado de forma mais rápida com a representação da Gerência Regional do Estado de Sergipe da Agência Nacional de Mineração, que tem escritório no JFC Trade Center, discutindo-se as ações que estão em andamento no Ministério das Minas e Energia e a inserção de Sergipe como estado contribuinte.
É importante registrar que minerais críticos para a transição energética estão com demanda crescente. Nos últimos anos, por exemplo, a demanda por lítio triplicou, a por cobalto cresceu 70% e por níquel 40%. Além disso, estudos revelam que a demanda por minerais críticos para energia limpa tende a crescer três vezes até 2030. E isto decorre porque o fornecimento de baterias tende a acompanhar as ambições dos países, em face de vários projetos previstos no mundo e requerem referidos insumos para a produção de baterias.
Os principais minerais e metais para a transição energética o mundo são: alumínio (bauxita), cobalto, cobre, ferro silício, grafita, lítio, manganês, níquel, nióbio, quartzo, urânio, vanádio, etc.
Por estudos anteriores as informações que temos são de que em Sergipe os principais recursos minerais são os seguintes: água mineral, amianto, areia, argila, calcário, calcário calcítico, cerâmica vermelha, chumbo, cobre, dolomito, enxofre, ferro, fósforo, flúor, gabro, gnaisse, granito, manganês, mármore, materanito, níquel, quartzito, ouro, petróleo e gás, pirita, potássio/magnésio e sódio, titânio, turfa, etc.
Seria relevante analisar o potencial de Sergipe nestes minerais, veja que já grifei os que Sergipe possuem, mas podemos ter outros também e com isso, poderemos ter oportunidades de atrais investimentos que possam agregar valor à produção mineral já existente no estado.
A transformação mineral do Brasil aponta que a ampliação da oferta de minerais é prioridade, mas não a produção atual não é suficiente para atender a demanda futura.
Sergipe pode analisar o desenvolvimento e diversificação da cadeia de transformação de seus minerais visando o mercado final de baterias, contribuindo com o Brasil neste processo de ampliação da oferta mundial, pois atualmente o refino e processamento de minerais críticos está concentrado no extremo oriente, com destaque para a China.
Entendo que seria importante um novo mapeamento geológico no estado, com levantamentos geofísicos e geoquímicos que possam rever o potencial mineral e a existência de outros minerais que possam se somar aos atuais demandados no processo de produção de baterias.
Ações importantes como o desenvolvimento de infraestrutura para a maximização do aproveitamento econômico dos minerais estratégicos para a transição energética, com fomento de pesquisa, desenvolvimento e inovação voltadas à mineração e à transformação mineral no estado podem ser realizadas pelos órgãos locais.
Também será necessário articulação com entidades públicas e privadas para a oferta de cursos de formação de mão-de-obra especializada para a ampliação das atividades minerais no estado.
Uma ação estratégica é conhecer o que as unidades federativas estão realizando no segmento e um estado referencial é o de Minas Gerais que tem sido destaque na transição energética e se prepara fortemente para organizar a sua infraestrutura para aproveitar as novas oportunidade que virão com uma nova matriz energética mais limpa e renovável.
Ainda sobre Minas Gerais, uma ação que realizaram recentemente foi a assinatura de um Acordo de Cooperação Técnica (ACT) entre o Governo de Minas Gerais, por meio da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico e o Instituto E+ Transição Energética para o apoio no desenvolvimento de políticas públicas no processo de transição energética do estado.
O fortalecimento do setor mineral em Sergipe terá repercussão nos municípios, não somente na geração de empregos, mas também na geração de receitas oriundas da exploração de recursos minerais que ensejará o recolhimento da Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (CFEM).
O setor mineral pela sua importância em Sergipe tem participação ativa na Federação das Indústrias de Sergipe, através dos Sindicatos vinculados ao setor e seus respectivos presidentes e podem contribuir neste processo de ampliação e diversificação da produção mineral estadual, considerando-se as oportunidades da transição energética.
O setor mineral sempre foi relevante economicamente em Sergipe e novas oportunidades são vislumbradas.
