ARACAJU/SE, 3 de maio de 2024 , 21:55:23

logoajn1

SAÚDE E ENVELHECIMENTO

Nos últimos recenseamentos no país ficou evidente que a população do Brasil está envelhecendo. Não somos mais uma nação de jovens. O Censo de 2022 confirmou um salto de envelhecimento desde 1940, contabilizando 55 idosos para cada 100 jovens, segundo o IBGE.

O índice de envelhecimento, se considerarmos a população com mais de 60 anos ou mais, chegou a 80, o que significa 80 pessoas idosas para cada 100 crianças de 0 a 14 anos.

O país precisa, mais que urgentemente, de políticas públicas para atender essa parcela crescente da população nas questões da saúde, e, também, na previdência social, na moradia e até mesmo no trabalho.

Os idosos brasileiros, em sua maioria, não vivem como no “American dream”, em tradução livre “sonho americano”, como se vê nos filmes de Hollywood, onde idosos vão aproveitar sua aposentadoria nas águas quentes do Golfo do México, nas praias ensolaradas da Califórnia. Ao contrário, recebem em média um salário-mínimo de aposentadoria após 35 anos ou mais de trabalho, ou em razão do favor estatal através da LOAS. E o pior, ainda contribuem para manter filhos e netos.

Imaginem com relação à saúde. A dura realidade que se apresenta nas unidades básicas de saúde e em unidades da saúde da família espalhadas pelos municípios brasileiros é a busca por tratamentos de doenças crônicas decorrentes da idade como a hipertensão arterial, o diabetes, o reumatismo, o Parkinson, o Alzheimer, a demência senil, entre outras.

No Brasil a combinação idade avançada e pobreza só reafirma a enorme desigualdade social que parece não ser vista pelos governantes, parlamentares e até mesmo pela sociedade em seus extratos mais abastados, que vêm isso como uma simples consequência da vida. Não o é. Antes revela a falta de compromisso da sociedade e do estado brasileiro em reduzir as desigualdades sociais e regionais, fruto da omissão e da negação de direitos básicos como a educação de qualidade e saúde de qualidade.

Outro dado que choca bastante e desmitifica a falsa ideia da “democracia racial” no Brasil é que a maioria dos idosos que passam por esses problemas apontados acima, são pretos ou pardos, numa relação direta do tratamento que se deu aos ex-escravizados com o fim da escravidão.

Neste mês da consciência negra a questão da saúde da população idosa no país não pode deixar de atentar para saúde do idoso preto ou pardo onde as estatísticas demonstram a incidência de algumas doenças como a hipertensão arterial.

O reconhecimento do envelhecimento da nossa população já é um passo importante para o planejamento de ações de saúde e de bem-estar para os conseguiram chegar à idade que exige cuidados por parte da família, da sociedade e do estado brasileiro.