ARACAJU/SE, 27 de abril de 2024 , 9:59:10

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Enquete sobre vacina é piada

A guerra ideológica que tomou conta do país e atingiu as ciências, especialmente a Medicina com foco na pandemia da COVID é algo que transcende a ignorância. O pior é que autarquias que deveriam se comportar de maneira científica e adequada para a segurança da população brasileira virou trincheira de terraplanistas, antivacinas e de profissionais que se aliaram politicamente em detrimento da ciência.

Parece piada, mas não é, a enquete no site do Conselho Federal de Medicina que, de maneira desarrazoada e irresponsável, sem adotar nenhum critério técnico-científico, pergunta aos médicos em geral qual a sua opinião sobre a vacina contra a COVID em crianças deveria ser obrigatória.

O Conselho Federal de Medicina deveria cuidar da ética médica e dos rigores na aplicação da ciência, no entanto se comporta como esses grupos que estão na internet fazendo campanha contra a vacinação e pregando a anticiência.

As organizações internacionais de saúde e as maiores universidades do mundo desde que teve início  a pandemia da COVID passaram a investigar cientificamente a utilização de imunizantes para adultos e crianças, assim a OMS e Universidades como HARVARD, OXFORD, por exemplo se dedicaram a estudar a melhor forma de enfrentamento de uma das maiores crises sanitárias da contemporaneidade.

Além do mais a autoridade de saúde com competência para determinar ou não a vacinação é o Ministério da Saúde e a aprovação do imunizante compete a ANVISA, e nunca ao Conselho Federal de Medicina. O CFM após a repercussão da sua pesquisa de opinião publicou nota reconhecendo a competência do Ministério da Saúde e alega que a enquete é para conhecer a percepção dos médicos sobre o assunto.

A coisa é tão extravagante que a SBPC – Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência disse em nota “…Questões científicas são tratadas por cientistas, mediante procedimentos rigorosos e mundialmente consagrados”, e não, por óbvio, por meio de opinião.

A SBI – Sociedade Brasileira de Infectologia, a SBP – Sociedade Brasileira de Pediatria e a AMB – Associação Médica Brasileira também criticaram o questionário do Conselho Federal de Medicina que nesse momento presta um desserviço à sociedade brasileira ao se envolver com ideologias que são contrárias às ciências.

As vacinas estão disponíveis para o público infantil a partir dos 6 anos de idade desde a aprovação da vacina Comirnaty, da Pfizer/BioNTech pela ANVISA, em 16 de setembro de 2022, e este imunizante também foi aprovado para uso em mais 149 países.

A Universidade de Oxford fez um levantamento em dezembro de 2022 e constatou que as vacinas contra a COVID estavam disponíveis para menores de 16 anos em 148 países, inclusive o Brasil.

Portanto, é inadmissível que se faça uma enquete como a do CFM que mais parece piada de mau gosto.