ARACAJU/SE, 27 de abril de 2024 , 6:50:12

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Potencialidade agrícola de Sergipe

Comentarei neste artigo aspectos da potencialidade agrícola de Sergipe, com base em dados coletados em uma publicação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, referente ao quarto volume da coleção denominada Macrocaracterização dos Recursos Naturais do Brasil. Conforme a instituição, com o material é possível oferecer à sociedade brasileira um retrato de seu ambiente natural, em escala de mapeamento e classificações uniformes, possibilitando, dessa forma, uma visão ampla e integrada do território.

A temática é a pedologia, apresentando um produto que objetiva interpretar os tipos de solos do Brasil, a partir de correlações e interpretações intrínsecas dos potenciais e limitações das classes de solos e do relevo inclusos nas unidades de mapeamento.  Dessa forma, ao apresentar as caracterizações das terras de Sergipe, teremos uma visualização das potencialidades e limitações ao uso agrícola, cuja a abordagem geoespacial na apresentação dos resultados, apresenta cinco classes qualitativas de potencialidade ao desenvolvimento agrícola, a saber:

Classe A1 – Terras com muito boa potencialidade ao desenvolvimento agrícola – compreende solos com muito boas condições para o desenvolvimento da agricultura, situados em relevo aplainado, com boa fertilidade, profundidade e permeabilidade;

Classe A2 – Terras com boa potencialidade ao desenvolvimento agrícola – compreende solos com condições propícias para o desenvolvimento da agricultura, em sua maioria localizados em relevo aplainado, podendo ocorrer pequenas restrições quanto à presença de íons indesejáveis/prejudiciais, mas facilmente corrigíveis e, por vezes, com limitações suaves pela pouca profundidade;

Classe B – Terras com moderada potencialidade ao desenvolvimento agrícola – compreende solos com condições moderadas para o uso agrícola, presentes dominantemente em relevos ligeiramente acidentados, que podem precisar de ações de manejo adequadas para desenvolvimento da agricultura, podendo ocorrer moderadas restrições quanto à fertilidade, argilas expansíveis, e presença de íons indesejáveis/prejudiciais, mas relativamente fáceis de serem corrigidas;

Classe C – Terras com restrita potencialidade ao desenvolvimento agrícola – compreende solos com condições restritivas para uso agrícola, localizados dominantemente em relevos mais acidentados, que precisam de ações relativamente mais complexas de manejo para o desenvolvimento da agricultura, pela presença de íons indesejáveis/prejudiciais, argilas expansíveis e restrições importantes quanto à profundidade. Também podem ocorrer em áreas aplainadas com restrições pela presença de hidromorfismo, devido às oscilações ou elevações significativas do lençol freático. Para utilização agrícola necessitaria de ações de manejo significativas e intensivas e sua utilização se daria por uma agricultura especializada adaptada a esses tipos de ambiente;

Classe D – Terras com potencialidade fortemente restrita ao desenvolvimento agrícola e terras para proteção, preservação e conservação da vegetação nativa – compreende solos com restrições muito fortes ao uso agrícola, principalmente em superfícies com declividade muito acentuada, presença de sais solúveis indesejáveis e restrições importantes quanto à profundidade. Podem ocorrer em áreas aplainadas com restrições pela forte presença de hidromorfismo e significativa elevação ou oscilação do lençol freático. Para utilização agrícola necessitariam de ações de manejo significativas e intensivas e sua utilização se daria por uma agricultura especializada adaptada a esses tipos de ambiente. Em alguns locais essas terras seriam indicadas como áreas de preservação ambiental, ora pela fragilidade do ambiente e ora pela legislação a qual estão submetidas.

Sergipe com uma área territorial de 21.918 Km2, sendo o menor estado do país, tem uma área que equivale a 1,41% do território da Região Nordeste, em relação aos nossos vizinhos Bahia e Alagoas, a área territorial de Sergipe equivale a 3,88% da área territorial da Bahia e 78,71% da área territorial de Alagoas. Estas informações são para reflexão sobre a necessidade de em um território menor utilizamos cada vez mais tecnologias que incrementem a produtividade agrícola do estado em face de sua dimensão territorial.

O melhor tipo de solo para a agricultura o A1 (muito boa) ocupa apenas 2,8% do território de Sergipe com 609 Km2, demonstrando que é restrito do ponto de vista territorial, o uso das melhores terras para a agricultura. Na segunda classe de solo, a A2 (boa), o percentual é de 10,6%, equivalente a 2.333Km2; na terceira classificação, B (moderada), o percentual é de 29,4%, equivalente a 6.434 Km2. Se somarmos estas três classes, que são as principais para o uso agrícola mais eficiente em Sergipe, teremos 42,80% do território de Sergipe (9.376Km2) com potencial de uso agrícola. Se compararmos do ponto de vista relativo com os demais estados do Nordeste, Sergipe tem a 7ª posição, superando os estados de Alagoas e Pernambuco, em termos percentuais, mas não em termos de área. Reforçando mais ainda minha tese de que é um território que precisa de uso intensivo de tecnologia, pois além de ter pouco território em termos totais, o que é disponível para uso adequado é relativamente baixo.

Continuando a discriminação das terras de Sergipe, temos que a classe C (restrita), o percentual é de 39,7%, equivalente a 8.595 Km2 e a classe D (fortemente restrita), o percentual é de 15,9% equivalente a 3.495 Km2. Juntas elas representam 55,6% do território de Sergipe, ou seja, mais da metade das terras sergipanas não possuem adequação para uso agrícola, o que é uma restrição de potencialidade de ampliação de uso das terras para a agricultura.

Pelo exposto fica evidenciado que um ponto de atenção e de políticas públicas para o estado é a melhoria da fertilidade do solo, pois conforme consta no próprio estudo do IBGE, que ora analisamos, a fertilidade é vital para a produtividade.

Além disso, outras ações são fundamentais para a ampliação da produtividade da terra em Sergipe, a exemplo de ampliação do potencial dos atuais perímetros irrigados, via expansão territorial e intensidades de assistência técnica para diversificação produtiva, bem como, a ampliação da infraestrutura existente com poços, barragens e cisternas. Também entendo como relevante a ampliação das parcerias existentes com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa, visando o fortalecimento do estímulo à inovação agrícola de Sergipe.