ARACAJU/SE, 8 de maio de 2024 , 13:35:20

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Um ano difícil de esquecer

Pensei muito sobre o que deveria escrever no último dia do ano nesta coluna. A primeira coisa que me ocorreu foi lembrar dos muitos profissionais da saúde que morreram no mundo inteiro cuidando das vítimas da COVID-19.

Pensei também em homenagear os cientistas do mundo inteiro que se dedicaram à pesquisa de um imunizante capaz de nos livrar do coronavírus, que enfrentaram o descrédito do negacionismo inconsequente e irresponsável, que ainda tenta desacreditar a ciência, como se estivéssemos na era das trevas, como seita satânica a se satisfazer com as almas arrebatadas pela infeliz doença. Arautos do mal e da maldade.

Pensei em erguer um monolito ortográfico em homenagem aos milhões de mortos mundo afora, e dos milhares no Brasil, por causa dessa pandemia que nos mostrou a fragilidade humana e dos governos, independentemente de serem ricos ou não. Por exemplo, morreram mais pessoas nos países ricos e desenvolvidos que nos países mais pobres do planeta.

Pensei em falar sobre a irresponsabilidade de jovens e adultos que buscando tão somente o prazer e desrespeitando as orientações básicas do distanciamento, do uso da máscara e de lavar as mãos constantemente, se aglomeram em festas e em raves muito loucas, e depois levam o coronavírus para os seus familiares mais frágeis e idosos, e multiplicam os atendimentos nos hospitais, sejam nas enfermarias e nas UTI’s.

Pensei em falar sobre o início da vacinação na Europa, Estados Unidos, México e na América do Sul, na Argentina e Uruguai. No Brasil, começa quando? Ninguém sabe. A depender do Presidente da República, nunca. O seu desrespeito à ciência e o pouco caso em relação a milhões de infectados e milhares de mortos demonstram a sua falta de humanidade e de decência, tipicamente um caso de genocídio estatal, quando o estado não cumpre o que está escrito na sua Constituição e em suas leis, o seu dever de prevenir e proteger a vida dos seus habitantes.

Mas todos nós estamos cansados pelas notícias ruins de todos os momentos na mídia impressa, no rádio e na televisão, sem contar as redes sociais repletas de fake news para aumentar a desinformação e contribuir para o aumento da irresponsabilidade de tantos e tantas.

Então esse momento é de desejar que o mundo se transforme por esse sofrimento. Que as pessoas sejam mais humanas e humildes e que percebam que o seu dinheiro e poder não curam, dependem de outras pessoas que criam medicamentos, vacinas, de outras que cuidam dos doentes e até mesmo daqueles que por piedade cristã  fazem o sepultamento dos que não resistiram.

É o momento de agradecer a todos, os anônimos, que em sua ação de um modo ou de outro contribuiu para que 2020 não fosse pior. Que 2021 traga a esperança de um ano melhor, de pessoas melhores e de relações humanas mais verdadeiras.